sábado, 2 de junho de 2012

Áspero amor

Áspero amor, violeta coroada de espinhos...

Arbusto entre tantas paixões erguidas,

Lança das dores, coroa da ira,

Por quais caminhos e como te dirigiu a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso,

Repentinamente, entre as folhas frias do meu caminho?

Quem te ensinou os passos que te levaram a mim?

Que flor, que pedra, que fumaça mostraram minha casa?

A verdade é que tremeu a noite apavorante,

A aurora encheu todas as taças com seu vinho

E o sol estabeleceu sua presença celeste,

Enquanto o amor cruel me cercava sem trégua,

Até que padecendo-me com espadas e espinhos,

Abriu meu coração um caminho ardente.


Pablo Neruda

Nenhum comentário:

Postar um comentário