VERBO DAR ou “QUEM BEBE DÁ DEZ!” (por Sônia Moura)
As Flores, o Pássaro e os “Espinhos” (Autoria: Sônia Moura)
Tentando encontrar a saída do labirinto das significações, o olhar do poeta vagueia pela singeleza dessa imagem, buscando alcançar o caminho, onde se dê a transferência afetiva entre a imagem e aquele que a vê e a lê.
Postados no mesmo plano: flores, pássaro e “espinhos” fazem parte de uma figura, que abre as portas para uma desolada solidão, a qual se esparrama dissimuladamente, mostrando ao olhar o jogo complexo das aparências.
Este trio, supostamente incompatível, encontra-se preso por um invisível cordão umbilical, que alimenta controversos sentidos e sentimentos e, do espectador expectado, se apossa.
O poeta descobre que, triplamente dividido na imagem, o inviolável da nostalgia se manifesta, expondo carências e perdas, desalojando sentimentos. E, mesmo ele, que é capaz de desestruturar semânticas, busca um desvio, para poetar sobre o que vê.
Ao mirar longamente a aparente incompatibilidade das figuras dentro da imagem, as palavras do poeta penetram a sua alcova, vasculham sua interioridade, até alcançar a sua força expressiva e, assim, acontece a liberdade de qualquer aprisionamento significativo.
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