quarta-feira, 21 de novembro de 2012



Os anos são degraus; a vida, a escada.
Longa ou curta, só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada,
Só Deus pode fechá-la,
Pode abri-la.

São vários os degraus: alguns sombrios,
Outros ao sol, na plena luz dos astros,
Com asas de anjos, harpas celestiais;
Alguns, quilhas e mastros
Nas mãos dos vendavais.

Mas tudo são degraus; tudo é fugir
À humana condição.
Degrau após degrau,
Tudo é lenta ascensão.

Senhor, como é possível a descrença,
Imaginar, sequer, que ao fim da estrada
Se encontre após esta ansiedade imensa
Uma porta fechada
— e nada mais?

- Fernanda de Castro

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